"Eu descobri sem a gramática que saudade não tem tradução"
E muito mais que isso. Descobri que algumas saudades simplesmente são eternas.
Sentimos saudade do tempo de criança, em que não sabíamos exatamente o que era crueldade e tristeza. O que sabíamos sobre elas era que crueldade se resumia a quando nossa mãe não nos deixava ir brincar na casa do amiguinho, o que nos dava uma grande tristeza.
Fantasiávamos um mundo colorido, de paz, amor, de união. Em que todos eram felizes.
Pena é perceber que crescemos e encaramos que a realidade é outra.
Encaramos uma realidade de perdas, decepção e solidão.
Perdas de pessoas que nos formaram, que nos ajudaram a ser quem agora somos.
Olho pra trás e o que lembro são o afeto e carinho de minha avó. De como, quando havia festas aqui em casa, e a casa era preenchida, porque ela estava presente. Em contrapartida, agora, o que há é um vazio da família que ninguém consegue preencher.
Lembro, simplesmente, o quão ela foi minha mãezona.
Que me levava à igreja desde pequena, me ensinando os caminhos de Deus.
As vezes em que me ensinava a perdoar, a amar o meu irmão, a ter paciência.
E também as vezes que me dizia não. Que me dava broncas. Isso porque me amava.
Olho também para o meu avô e lembro de como eu era uma filha sua, não neta.
Da forma como me dengava e até era injusto com meus primos porque me superprotegia.
De quando ele criava canções, poemas, apenas pra mim!
De quando me chamava de nega véia rsrs
E ele é meu avohai, avô e pai.
E ela é minha mocinha.
E eu... uma neta orgulhosa pelos avós que teve.
E a vida segue, trabalho, amigos... "só que neste mundo o verão acabou...".
Maysa Sales