Distribuir palavras talvez possa ser fraqueza e deixa à mostra do inimigo alguma insensatez. Melhor não dizer. Melhor calar-se e mostrar-se sorrateiramente. Deixa assim, o dito pelo não-dito. E ficamos bem.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

No princípio era o verbo

Uma explosão, um novo big bang se formando...
e desmistificando teorias inacabadas de mim mesma
Onde, como, por quê, quando...
Muitas perguntas para nenhuma resposta
E fico ali, na espreita, deixando o lado criatura para tornar-me criador
Ah, quanto querer... Ah, poder, ter, sentir, viver, controlar
Controlar cada impulso indevido, incoerente, errado
Poder arrancar cada peça irrelevante, desnecessária
Peça de enfeite que enfeia a alma
Ter o poder de querer sentir para controlar o viver
Seria essa a sequência certa e natural dos constituintes?
Controlar o sentir para poder querer viver
Querer controlar para ter poder para viver e sentir
Sentir poder para controlar o querer de viver
E eis que chego em um resultado não tão diferente de outrora
Querer, poder, ter, sentir, viver, controlar
No princípio era o verbo, e o verbo se complementa, se desfaz, se transforma, em infinitas metamorfoses.

Maysa Sales

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Quero-quero

Quero-te-quero-como-quero
Mais que um querer,
Mais que a mim,
Mesmo que no fim.... não seja mais o mesmo
Mesmo se nos perdemos nessa loucura de nos encontrar
Ainda que nada seja encontrado
Perder-se é preciso e não menos ruim
Tantos caminhos percorri até aqui
Perder-se talvez seja mais que solução
um desencontro para fugir da solidão, do perigo de viver só
Só-la-si-dó de dó-ré-mi
Mudarei também esse canto
que de triste e de pranto
será infinito e santo
de uma leveza pura e singela
Colorida aquarela
profunda e límpida como o mar,
brilhosa e fecunda como aquela estrela
que em anos luz vem para te iluminar
Cantarei para ti, meu bem-te-vi, meu-bem-querer
à luz do sol ou do luar
Em nosso mais-que-infinito-particular

Maysa Sales


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Nem um, nem outro

Um jogo chamado V.I.D.A.
Em que você tem dia e hora marcadas para entrar
Num dia de sol de primavera, ou num dia chuvoso de inverno.
Tanto faz. Esses mesmos dias se repetirão durante todo o jogo
E terás a oportunidade de contemplar (ou não) cada um deles
Os dias de sol se repetem constantemente, mesmo que você não perceba...
Se repete naquele dia em que vc acorda e percebe que tem ao seu lado
as melhores pessoas do mundo, que te apoiam e te admiram.
Naquele dia em que você é promovido a um cargo tão esperado, ou
é aprovado em um certame com o qual tanto sonhara
E naquele em que você recebe um presente inesperado, de uma pessoa inesperada
Ou quando você encontra alguém que tem os mesmos gostos que os seus,
que fala de besteiras e ri delas como você...
E tantos e tantos e tantos outros dias de sol que se escondem por trás de um céu nublado
Mas eis que surge um desatino. Chuva
No dia em que você acorda atrasado, perde o ônibus, é assaltado
Ainda naquele que se perde (pra sempre) as pessoas que mais ama...
e também naquele em que você vê sofrer quem tanto te fez e faz bem
Dia de nuvens sobrecarregadas
pelo fardo, pela dor, pela desilusão
E escondendo o sol...
Sim, ela está pesada justamente para não deixar os raios penetrarem a terra...
Não, ela quer ser unicamente o centro da atenção, suscitar dúvidas nos corações ansiosos por um brilho solar
E quem disse que também não há aqueles ansiosos para que ela se descarregue simplesmente para contemplar o orvalho, a neblina, as gotas caindo como num ritual de um coro, sôfrego e alegre?
Quem foi que disse que não há beleza no chover, no descarregar-se?
Chove, chuva, e molhe toda essa terra. Faça brotar as mais lindas flores e frutos
Mas não se demore muito, porque elas também precisam de calor.

Maysa Sales

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Here I am, Majesty


Your grace has found me just as I am, empty handed but alive in Your hands

Forever I am changed by Your love. Here I stand… Knowing that I’m Your desire, sanctified by glory and fire…

Confiar em Deus que está sempre, sempre, sempre de braços abertos a nos acolher...

Senhor da Glória, cubra-nos sempre com o seu amor e Sua infinita misericórdia e Nos ajude a sempre ter fé, esperança e amor em todos os momentos de nossas vidas...

Obrigada, Senhor, por nunca nos desamparar. Mesmo que às vezes seja tão difícil entender seus propósitos, ou até mesmo difícil de aceitar, perdoa-nos por não saber esperar unicamente em Ti.

Glórias e louvores a Ti, ó Pai, Filho e Espírito Santo! E Interceda por nós, Maria Santíssima.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Saudade descompassada

Essa inimiga chamada saudade
Daquilo que não vi, do que já se foi e do que ainda virá
De não sei o quê, que vem não sei de onde...
que corrói por dentro e me faz sentir pequena, frágil, indiferente
E eis que não consigo fugir dela. Ela me persegue como um cão feroz
Como o mais feroz... Aquela saudade que apunhala
No sentir-se sozinho em meio à multidão de gentes, gentes, gentes,
que vão e vem... em seus passos compassados e rítmicos...
Na pressa do relógio que tique-taque-teia num ritmo mórbido e inconsequente
que tortura e massacra
Como um fel... Ferida que se fere sem se ferir
Ó triste ausência, que arranca um pedaço de mim e nunca se completa
Ó infinita incompletude, que insiste em ser cruel...
Ó infinitas reticências, que preenchem o vazio dessa alma
...

Maysa Sales