"Mas pondo-se de pé o homem inesperadamente retomou toda a estatura do próprio corpo. O que lhe deu automaticamente certa empáfia como se, ao erguer-se,ele tivesse inaugurado o descampado. E apesar dos ombros curvos, sentiu-se dominando a extensão e disposto a segui-la. embora estivesse cego pela luz: ali nenhum de seus sentidos lhe valia, e aquela claridade o desnorteava mais do que a escuridão da noite. Qualquer direção era a mesma rota vazia e iluminada, e ele não sabia que caminho significaria avançar ou retroceder. Na verdade, em qualquer lugar onde o homem experimentou se pôr de pé, ele próprio se tornou o centro do grande círculo, e o começo apenas arbitrário de um caminho.
Mas desde que, há duas semanas, aquele homem experimentara o poder de um ato, parecia também ter passado a admitir a estúpida liberdade em que se achava. Sem um pensamento de resposta, pois, suportou imóvel o fato de ele ser o único próprio ponto de partida.
Então, como se contemplasse pela última vez antes de partir o lugar onde sua casa fora incediada, Martim olhou o grande vazio ensolarado. Ele bem viu. E ver era o que podia fazer. O que fez com certo orgulho, de cabeça erguida. Em duas semanas tinha recuperado um orgulho natural e, como uma pessoa que não pensa, tornara-se autossuficiente".
Clarice Lispector in A maçã no escuro.
Distribuir palavras talvez possa ser fraqueza e deixa à mostra do inimigo alguma insensatez. Melhor não dizer. Melhor calar-se e mostrar-se sorrateiramente. Deixa assim, o dito pelo não-dito. E ficamos bem.
domingo, 31 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
Aleatório
É preciso se jogar no mar pra aprender a nadar
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Nem sabe meus defeitos pra me amar.
Maysa...
Sales
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Nem sabe meus defeitos pra me amar.
Maysa...
Sales
segunda-feira, 18 de março de 2013
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