"Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu..."
A morte glorifica. Desmistifica.
Realiza em si essa incompletude humana que não se justifica no viver
Aliás, propósito displiscente esse chamado vida
Pois não se pergunta se a se quer, impõe-se
E esse jogo de data marcada, mas sem fim revelado, aprisiona
Amedronta, aterroriza
Deixa os seres em sua insignificância e mostra que ela é quem tem o controle desses pobres e ignorantes
Que ignoram mesmo. Eis o mal em si
Preferem IGNORAR o indesvendável e omitir sua existência
E, dessa forma, conseguem cravar seu próprio buraco, literalmente.
E é isso que ela, a morte, pensa... e ri, sorri, gargalha
Hipócritas, sujos ignorantes! Risos, risos, risos.
E do riso fez-se o pranto, já dizia o poeta
Foi embora tão cedo, pobre rapaz, e era um sujeito singular...
Aquele que odiara se falsifica ante a glorificação. Doce ironia
Ensaio talvez de sua posterior plenitude, pois também será glorificado, da mesma forma, pelo seu inimigo.
Fechando o ciclo natural de exaltar aquele que se foi, guardião agora da verdade, suprema,
Sendo agora desvendor do mistério de outrora
Causando mais que inveja àqueles que ficarão, pulsantes, ora, tão pulsantes, que enoja
Até receberem a mesma dádiva, impulsional.
Maysa Sales